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08 Fev
FUNCEF: Será que podemos realmente dormir tranquilos com a concentração de investimentos da FUNCEF na empresa VALE?
Por: Adenir Marcarini - Diretor de Relações Humanas e Relacionamento com Aposentados da AGECEF/SC
Todos nós, seguramente, já
ouvimos a expressão “não guarde todos os ovos na mesma cesta”. Esta frase, que
também pode ser percebida frequentemente no meio financeiro, nos remete à
prudência e à responsabilidade indispensável ao nosso processo de tomada de
decisões. Como sabemos, vários Fundos de
Pensão brasileiros, entre os quais se destaca a FUNCEF, possuem grande
concentração de recursos no ativo VALE, que por sua vez, é fortemente
dependente da produção e comercialização do minério de ferro.
É importante registrar que a
VALE, cujos ativos estavam sendo negociados na BOVESPA , no início de 2016, em
patamares de preços inferiores a R$ 10,00 por papel, hoje registra recuperação
e apresenta valores de mercado para os seus ativos, que oscilam próximos aos R$
90,00 por título, ou seja, houve uma valorização superior a 1000%, em apenas
cinco anos, trazendo alivio para a grande maioria dos planos de previdência,
administrados pela FUNCEF.
Por outro lado, torna-se
indispensável considerarmos que em economia e finanças, assim como em outros
aspectos da vida quotidiana, estamos sempre sujeitos aos efeitos cíclicos das
oscilações dos mercados. Assim, crises econômicas e financeiras podem, a
depender da profundidade das mesmas, provocar recessão e instabilidades, o que,
por sua vez, pode produzir o chamado reapreçamento dos ativos e derrubar
drasticamente o valor de mercado de empresas como a VALE, com impacto imediato
e estrondoso para todos os seus acionistas, assim como já presenciamos no
passado não muito distante.
Apostar grande parte do nosso
patrimônio, que é o patrimônio da FUNCEF, em investimentos concentrados numa
única empresa e num único setor da atividade econômica, nos expõem sobremaneira
e de forma preocupante, já que, além de todos ansiarmos pela eliminação dos
déficits e equacionamentos, que tanto nos sufocam e aprisionam, também
percebemos a necessidade de ocorrências de superávits e de excedentes
financeiros, que nos permitam recompor o poder de compra de nossas
aposentadorias e pensões, duramente prejudicadas pela alta inflação dos últimos
períodos, e que supera com folga a variação do INPC.
Analisando as prévias dos
resultados do terceiro trimestre de 2020, apresentadas pela Fundação, no final
de janeiro deste ano, podemos chegar a algumas conclusões bastante relevantes.
Percebe-se, por exemplo, que 55% do resultado obtido, advém da variação
positiva das cotas do Fundo de Investimento em Ações da Carteira Ativa II da
VALE, que saltou 28,09% no trimestre. O
peso da mineradora para os números da FUNCEF é tão impactante que, por exemplo,
para os colegas que ainda se encontram na ativa e vinculados aos planos REB e
Novo Plano, que não colhem os mesmos frutos do desempenho da companhia VALE,
restou o amargor e o desapontamento pelo não atingimento, sequer da meta
atuarial, no período mencionado.
No mercado doméstico, temos mais
de 300 empresas listadas na bolsa de valores, que apresentam ótimos fundamentos
e tantos outros fora deste mercado, que não podem ser negligenciados pelos
formuladores e pelos gestores de
políticas de investimentos da FUNCEF. Entretanto, a FUNCEF necessita buscar
urgentemente novas alternativas de investimento que nos permitam o atingimento
de novos patamares de resultados para os participantes da Fundação.
Há muitas oportunidades
tanto no mercado interno quanto no mercado externo, opções de curto, médio e
longo prazos, e explorar melhor as oportunidades nos setores de
proteína animal, óleo, gás, moedas, juros ,cripto e outros.
Hoje, com a taxa Selic de 2% a.a., necessitamos ser mais arrojados na
alocação dos nossos recursos, sem, evidentemente, abrirmos mão da devida
prudência e zelo com o tratamento dos recursos que a nós todos pertence.
Aproveitar as opções de investimentos no mercado internacional é uma janela
importante a considerarmos, pois são milhares de alternativas em vários setores
distintos, quando sabemos que internamente, temos no Brasil, um leque bem mais
limitado. Abrir mão desta alternativa de investimentos, equivale, por exemplo,
a renunciar aos benefícios oferecidas pelo comércio entre as nações do mundo
inteiro, que perceberam há muito tempo, que a interdependência entre os vários
povos, é crescente e não exclui nenhum país, por mais autossuficiente que seja.
Indubitavelmente, a dinâmica
deste mercado é diferente e exige, além do fiel cumprimento dos normativos
vigentes, a gestão de itens específicos e não menos importantes, como a
variação do dólar, por exemplo. Entretanto, mesmo que seja a variação da moeda
americana um fator de risco para os investimentos no exterior, inclusive
apontado por alguns gestores como argumento irrefutável para se abandonar esta
tese de investimentos, é necessário ter
presente que os papeis da mineradora VALE, também estão submetidas a mesma
sistemática cambial!
Por que não pensarmos em
investimentos no setor de tecnologia, segmento em franca expansão, que
inclusive se beneficiou enormemente com o advento e com o prolongamento da
pandemia? O papa dos investidores, Warren Buffett, que possui investimentos na
Apple, Amazon e Coca Cola, entre outros,
atravessou as fronteiras da terra do Tio Sam e investiu em papeis no
Japão, nação de economia sólida e moeda forte.
Seguindo outros exemplos de
gestores que atuam em países nos quais a taxa básica interna de retorno também
é baixa, podemos elencar o maior fundo de pensão canadense, que investiu no
Alibaba, a “Amazon chinesa”, muito antes dela se tornar a potência que é
atualmente, gerando enorme rentabilidade para seus investimentos.
Reconhecendo a proeminência dos
desafios crescentes e as complexidades intrínsecas ao negócio previdenciário
dos Fundos de Pensão Fechados brasileiros, lançamos luz sobre os estudos e os
debates modernos, que tratam sobre esta questão e que nos dão a convicção
de que a meta atuarial tem e pode ser
alcançada, mas somente isto não basta. Muitos de nós arcamos com
equacionamentos e descontos em nossos contracheques.
Precisamos urgentemente que a FUNCEF apresente desempenhos superavitários, que nos possibilite voltar a sonhar com uma renda mensal digna, com reajustes superiores à variação do INPC, que nos permita recuperarmos nosso poder de compra. É o desejo de todos nós que a FUNCEF se mobilize e direcione suas forças no sentido de avaliar, com cautela e perspicácia, as inúmeras alternativas de investimentos disponíveis, e se esmere no atingimento destes resultados, se quisermos pensar em um futuro mais tranquilo, para nós e para nossos familiares. As opções existem! Mãos à obra!
Assista o a entrevista com o Diretor da AGECEF/SC, Adenir Marcarini:
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